Sola Scriptura
Somente a Escritura. A Bíblia é a única regra infalível de fé e prática. Ela tem autoridade suprema em todas as questões de doutrina e vida cristã, acima de tradições humanas ou interpretações eclesiásticas.
A Igreja Presbiteriana tem suas raízes na Reforma Protestante do século XVI, período de renovação e retorno aos princípios bíblicos fundamentais. O termo "presbiteriano" deriva da palavra grega "presbuteros" (πρεσβύτερος), que significa "ancião" ou "presbítero", refletindo o sistema de governo eclesiástico baseado em conselhos de presbíteros.
João Calvino (1509-1564), um dos principais teólogos da Reforma, estabeleceu em Genebra, Suíça, os fundamentos teológicos e eclesiásticos que viriam a caracterizar o presbiterianismo. A ênfase na soberania de Deus, na autoridade das Escrituras e na salvação pela graça mediante a fé se tornaram marcas distintivas desta tradição.
O presbiterianismo foi levado para a Escócia por John Knox, que estudou com Calvino em Genebra. Na Escócia, a igreja reformada adotou oficialmente o sistema presbiteriano de governo em 1560, com a publicação da Confissão Escocesa. A partir dali, o movimento se espalhou para a Inglaterra, Irlanda e posteriormente para as colônias americanas.
Princípios fundamentais que nortearam a Reforma Protestante e permanecem como pilares da fé presbiteriana
Somente a Escritura. A Bíblia é a única regra infalível de fé e prática. Ela tem autoridade suprema em todas as questões de doutrina e vida cristã, acima de tradições humanas ou interpretações eclesiásticas.
Somente Cristo. Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. A salvação vem exclusivamente através de Sua obra redentora, não através dos santos, da igreja ou de obras meritórias.
Somente a Graça. A salvação é um dom gratuito de Deus, não merecido pelos pecadores. O homem não contribui para sua salvação através de boas obras ou mérito pessoal, mas é completamente dependente da graça divina.
Somente a Fé. A justificação diante de Deus vem exclusivamente pela fé em Jesus Cristo. Não somos declarados justos por nossas obras, mas pela fé no sacrifício de Cristo que nos é creditado como justiça.
Somente a Deus a Glória. O propósito último de todas as coisas é a glória de Deus. Toda a criação, redenção e a vida cristã visam glorificar a Deus e desfrutar de Sua presença eternamente.
Eventos marcantes na história do presbiterianismo mundial e brasileiro
1517 - 1564
Martinho Lutero inicia a Reforma ao fixar suas 95 teses. João Calvino desenvolve a teologia reformada em Genebra.
1560
John Knox estabelece a Igreja Presbiteriana na Escócia com a publicação da Confissão Escocesa, adotando oficialmente o sistema presbiteriano de governo.
1643 - 1649
A Assembleia de Westminster, convocada pelo Parlamento inglês, elabora a Confissão de Fé, os Catecismos Maior e Breve, que se tornariam documentos doutrinários fundamentais para as igrejas presbiterianas.
Século XVII - XVIII
Imigrantes escoceses, irlandeses e ingleses levam o presbiterianismo para as colônias americanas, onde a igreja cresce significativamente e influencia a formação da nova nação.
1859
O missionário Ashbel Green Simonton chega ao Rio de Janeiro, marcando o início oficial do trabalho presbiteriano no Brasil. A primeira igreja é organizada em 1862.
1870 - 1900
Fundação de escolas e seminários, como o Mackenzie em São Paulo. Rápida expansão do presbiterianismo pelo território brasileiro com ênfase na educação teológica e secular.
1888
Fundação do Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, estabelecendo a autonomia da denominação no país. Atualmente, é uma das maiores igrejas reformadas da América Latina.
O sistema de governo representativo que caracteriza a Igreja Presbiteriana
O impacto do presbiterianismo na sociedade ao longo dos séculos
Os presbiterianos têm sido pioneiros na fundação de escolas, colégios e universidades em todo o mundo. A ênfase na alfabetização para leitura bíblica e no desenvolvimento intelectual promoveu a educação de qualidade e acessível. No Brasil, instituições como o Mackenzie são exemplos do compromisso presbiteriano com a excelência educacional.
O sistema de governo presbiteriano, com sua ênfase na representação, deliberação coletiva e limitação de poder, influenciou significativamente sistemas políticos democráticos em vários países, especialmente nos Estados Unidos. Princípios como a separação de poderes, o federalismo e os freios e contrapesos têm raízes na eclesiologia presbiteriana.
Ao longo da história, igrejas presbiterianas têm estabelecido hospitais, orfanatos e programas de assistência aos necessitados, demonstrando um compromisso consistente com o bem-estar social e a dignidade humana. A tradição reformada enfatiza que a fé genuína deve se expressar em amor ao próximo e justiça social.
O presbiterianismo tem defendido historicamente a liberdade de consciência e a separação entre igreja e estado. Esta posição contribuiu significativamente para o desenvolvimento dos conceitos modernos de liberdade religiosa e tolerância em sociedades pluralistas.